O relato do evento de Nossa Senhora de Guadalupe foi escrito por Antônio Valeriano, no poema ‘Nica Mopuha’, que aconteceram no morro do Tepeyac, (cidade do México) em 09 de dezembro de 1531, nesse dia, houve duas aparições. A terceira aconteceu dia 10, e a última em 12 de dezembro. A missão, que a Virgem confiou a Juan Diego, foi muito simples, convencer o Bispo Juan de Zumárraga para construir-lhe um templo no morro do Tepeyac.
Na atualidade, a extraordinária experiência de fé vivenciada no México pela festa de Nossa Senhora de Guadalupe, é celebrada com muita alegria o ano inteiro, mas de maneira especial na festividade do dia 12 de dezembro. Na cultura mexicana, essa memória celebra a dignidade, a grandeza e a bondade da mulher, mãe e progenitora da vida. Ao mesmo tempo, o povo vive a dolorosa realidade de sofrimento e miséria que assola a maioria das pessoas.
A luta diária do povo para sobreviver e buscar melhores condições de vida, encontra sentido e fortaleza em Nossa Senhora de Guadalupe. Ela está impregnada na vida cotidiana como Mãe e consolo. É a Mãe por quem se vive, é a presença do rosto Materno de Deus que se manifesta para o povo, invocada em todos os momentos da vida, em especial na aflição.
O nome da Virgem de Guadalupe acompanha o povo na luta por libertação e justiça. Na história do México, há alguns episódios em que desempenhou um papel decisivo na libertação. Recordamos, por exemplo, que o Pe. Miguel Hidalgo (1810), um pároco de uma pequena paróquia, liderou o movimento de independência do México, carregando o estandarte de Nossa Senhora de Guadalupe. Posteriormente, na luta pela liberdade religiosa (1927-1930), quando o culto religioso era reprimido pelo governo do país, o povo reagiu resistindo sob o grito: Viva Cristo Rey! Viva a Virgem de Guadalupe! Maria esteve e está presente na história na busca por mais vida e libertação.
Na festa de Nossa de Guadalupe as flores e a música nunca faltam. Também foram o sinal da veracidade das aparições, que Juan Diego apresentou na sua “tilma” (poncho rústico usado pelos indígenas) ao bispo Juan de Zumárraga. As flores representam o imenso sinal de amor e ternura materna para com o povo que sofre. As flores ainda hoje são levadas para as igrejas, em especial na sua festividade, como afável oferenda a Mãe do Céu. Cada 12 de dezembro, as igrejas dedicadas a ela, são preenchidas com a cor e fragrância das flores durante as celebrações.
A música completa a celebração festiva, animando aos participantes e peregrinos na comemoração de Maria, a Mãe de Deus. Também as pessoas cantam músicas intermináveis, sem faltar as tradicionais danças indígenas, como uma das formas de expressão e mediação, utilizadas para comunicar a vida, o respeito, o entusiasmo e a submissão à Mãe de Deus. O dia da festividade da Virgem Morena é muito especial para o povo. A sua celebração alimenta a fé e a esperança, dando força e sentido para continuar caminhando em busca de libertação. As celebrações são autênticas manifestações de amor a Deus e a Nossa Senhora.
A mensagem da Virgem no Tepeyac a Juan Diego, desafia a transformar as estruturas injustas e expandir o Reino de Deus. O evento de gudalupano é de libertação, encoraja a exigir e lutar pela dignidade humana. A presença de Maria de Guadalupe é o estilo de falar de Deus por meio da Mãe às pessoas que vivem em situação de opressão e sofrimento. A partir da mensagem de Nossa Senhora de Guadalupe toda a Igreja é chamada para buscar caminhos de libertação, inculturação e esperança na construção de um mundo mais justo e fraterno conforme o Evangelho.
A mensagem inculturada de libertação que o indígena Juan Diego recebeu no morro do Tepeyac, convida a ser agentes de transformação em favor dos mais pobres, de maneira especial para com os indígenas e afrodescendentes. Hoje somos chamados para ser “Juan Diego”, isto é, discípulos missionários da Boa Nova, para sermos peregrinos da esperança, apresentando o rosto materno de Deus por médio de Maria Mãe de Deus, por quem se vive.
Nossa Senhora de Guadalupe! Rogai por nós!
Rafael Lopez Villasenor, sx
Secretário da Pontifícia União Missionária
Fonte: https://pom.org.br/o-rosto-materno-de-deus-nas-aparicoes-de-guadalupe/
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