A passagem de um ano para o
outro no Brasil é marcada pelas confraternizações em famílias, as festas em
praias e a queima de fogos de artifício, celebrando a chegada do novo ano
civil. Mas outra marca deste momento são as diversas superstições que cercam o
imaginário popular brasileiro visando realizações e conquistas. O sucesso será
alcançado, de acordo com esses costumes, caso sejam ingeridos determinados
alimentos, dependendo da cor da roupa ou de gestos que devem ser repetidos após
a meia noite. Para os cristãos, o que significa esta prática?
O Catecismo da Igreja Católica
alerta para as superstições e a idolatria. O parágrafo 2111 afirma ser a
superstição “um desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe”.
Elas podem afetar o culto prestado ao verdadeiro Deus: “por exemplo, quando
atribuímos uma importância de algum modo mágico a certas práticas”.
O arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, em
artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
chama atenção para “o ser cristão”: “Pode haver cristãos, que vivem como se o
Batismo nada tivesse modificado em suas vidas: vivem como se não fossem cristãos.
Ou pode haver aqueles que procuram praticar a religião apenas de forma exterior
e ritual, sem que a orientação de sua vida e seu comportamento sejam
impregnados por Cristo e pelo seu Evangelho”.
Segundo o cardeal, o ser cristão
manifesta-se na vida “conforme Cristo” ou “segundo o Espírito de Cristo”,
citando expressões de São Paulo. O apóstolo, na carta aos Gálatas, exortou os
fiéis que eram tentados a tornar novamente às práticas da Lei Mosaica, como se
nelas, em vez de Cristo, estivessem a sua segurança e salvação.
Dom Odilo continuou destacando que a
liberdade dos cristãos está em viver livres do temor, “confiantes em Deus”.
Também recordando os livros paulinos, salienta: “Paulo vai logo às
consequências: ‘não se deixem escravizar novamente!’.
E o diz em dois sentidos: não
abandonar a graça imensa da fé em Cristo, para submeter-se de novo a práticas
que escravizam e tiram a soberana liberdade de filhos de Deus, mediante uma
religião do temor, ou uma religião feita apenas de práticas humanas, sem contar
com a graça de Deus e a ação do Espírito de Cristo; ou então, deixar-se
escravizar pelas paixões humanas desordenadas e pelos vícios.
As práticas e paixões humanas que
escravizam um considerável número de católicos que recorrem a tais costumes, às
vezes até com sincretismo religioso, dão força de solução e de poder, a
energias desconhecidas, poderes misteriosos e, no caso a maus acontecimentos, a
espíritos malfazejos.
“O ser cristão, portanto, aparece
numa forma nova de viver que, de um lado, é graça de Deus e, de outro, fruto do
esforço coerente para orientar a vida para Deus, conforme o exemplo e o
ensinamento de Cristo”, ensina dom Odilo. O viver cristão, conclui, é “uma
proposta de ‘vida nova’, orientada pelo Espírito de Cristo”. Segundo o cardeal,
isso requer a superação dos vícios e das práticas contrárias a Deus e ao
próximo, ou contra a própria dignidade; ao mesmo tempo, a vida cristã floresce
em todo tipo de belas virtudes, que tornam o viver nobre e santo.
Fonte: CNBB
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