No
primeiro Domingo da Quaresma, o Evangelista Marcos apresenta Jesus depois do
Batismo, sendo impulsionado para o deserto pelo Espírito Santo. Permanecerá
quarenta dias (número que indica completude e faz referência ao conceito de
quaresma) onde será tentado por Satanás, não se detalhando o tipo de
propostas e o conteúdo das mesmas, mas como logo se apresenta a Jesus
anunciando o Reino da salvação, a tentação estaria centrada na rejeição ao
Projeto do Pai, o reinado da vida plena, do amor, da Paz e da justiça.
Ainda
no deserto, o comentário evangélico descreve que vivia entre as feras e os
anjos o serviam, sinais da messianidade e da presença da novidade do Reino
iniciado por Jesus com a sua missão. Uma das tentações que acontecem na vida e
no convívio social, quando deixamos de lado o Projeto do Pai e sua Aliança de
fraternidade, é a de sucumbirmos diante do ídolo da violência. Como Caim,
respondemos que não sabemos onde está nosso irmão, e ainda acrescentamos: por
acaso somos guardiões de nossos irmãos?
A
espiral da violência começa com um estranhamento, um distanciamento, onde não
mais nos reconhecemos, retirando do outro sua alteridade, coisificando-o e
tornando-o uma ameaça. Por isso, se afirma que o medo aos bárbaros, nos
barbariza, e, como afirma René Girard, passamos a considerar o próximo
como bode expiatório, isto é, o culpado pela situação dos males que
padecemos, acreditando que a solução é eliminá-lo como fez Caim com Abel.
A
conversão reverte o caminho abrindo-nos novamente para o vínculo fraterno,
começando pelo respeito, o convívio tolerante e cordial, para com o perdão e a
reconciliação curar e refazer a comunhão familiar. É a insubstituível missão da
Igreja, ser pacificadora e mediadora da Paz do Reino, gerando a civilização do
amor e da ternura, sanando e curando as pessoas, dos medos, das discórdias, das
guerras fratricidas, das estruturas desiguais e injustas que semeiam a morte e
a destruição da Terra. Que o Jesus,
Vencedor
da tentação de desfazer e romper a Aliança amorosa do Pai com a humanidade nos
conceda sermos, como nos ensinou o Papa Francisco na sua mensagem da Quaresma,
construtores da Paz. Deus seja louvado!
Fonte: CNBB
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