Desfile Unidos de Vila Maria 2017. Foto: Luciney
Martins/ O São Paulo
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Pelos próximos quatro dias parte
do povo brasileiro estará mergulhado em meio a plumas, paetês, gliter,
fantasias; muitas marchinhas, sambas de enredo, axé e alegria. É Carnaval, uma
festa que já faz parte da vida cultural do nosso país.
“O Carnaval não é uma festa proibida
para os cristãos, o que a Igreja condena são os exageros”, disse padre Jair
Rodrigues, de Brusque (SC) durante entrevista a uma rádio local. Pensamento bem
oportuno neste período em que boa parte das pessoas se prepara para se divertir
durante o feriado. Para o padre, cada indivíduo deve buscar na festa a beleza
da confraternização, da alegria sem necessariamente cair nos abusos.
Para o bispo auxiliar da
Arquidiocese de Porto Alegre (RS), dom Leomar Brustolin, numa sociedade
como a atual, os cristãos convivem com pessoas que cultivam diferentes valores,
crenças e costumes. Essa pluralidade não pode ser um problema para um discípulo
de Jesus Cristo que nada antepõe ao seguimento do Mestre.
“Por isso, no Carnaval o cristão evita
duas posições: a omissão de quem aceita tudo em nome da alegria do momento, ou
a demonização de quem só vê o pecado reinando. O discernimento supõe perceber
que a alegria, a convivência, a música e a dança são expressões culturais
importantes em todos os povos”.
O livro do Eclesiastes (9, 15ss) a
palavra diz: “Por isso louvei a alegria, visto não haver nada de melhor para o
homem (…) é isto que o acompanha no seu trabalho, durante os dias que Deus lhe
outorgar debaixo do sol”. Já nos Provérbios (2,14-15), o Senhor lembra que há
limites, pois são reprovados os “que se alegram por terem feito o mal e se
regozijam na perversidade do vício, cujos caminhos são tortuosos e se extraviam
por vias oblíquas”.
Durante o feriado do Carnaval é
importante o cuidado com a preservação da fé e, principalmente, o cuidado com a
vida. Neste período, muitas pessoas aproveitam essa data para extravasarem seus
desejos, influenciados pela sensação de ”liberdade”, em que tudo é permitido.
É comum, portanto, vermos nos
carnavais a presença do excesso: de bebidas, de drogas, do apelo sexual etc.
Tal comportamento vem acompanhado do vazio, da “ressaca moral”. Situações que
ocorrem também em outras épocas do ano, não apenas no carnaval.
Dom
Leomar ressalta que alguém poderá dizer que é improvável que a maioria dos
foliões consiga superar os excessos que são comuns aos festejos carnavalescos.
Mas o que é improvável não é impossível. Em diferentes épocas, os seguidores de
Jesus precisaram testemunhar que sua fé não os apartava do mundo, tampouco os
obrigava a fazer concessões de todo tipo para serem aceitos na sociedade.
Tomemos o exemplo da Carta a Diogneto, um escrito do século II que retrata a
vida dos seguidores de Jesus naquele contexto: Os
cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem
por sua língua ou costumes. (…) e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e
ao resto, testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal.
Segundo a Enciclopédia Larousse
Cultural, o termo Carnaval vem do latim medieval carnelevarium, carnilevaria,
carnilevamem, que significa “abster-se, afastar-se da carne”. Era um período
anual de festas profanas e hoje corresponde ao período de três dias, que
antecede a Quarta-Feira de Cinzas, vésperas da Quaresma – período durante o
qual é recomendada a prática da penitência e abstinência de carnes vermelhas.
Dom Leomar Brustolin salienta que num
país onde o Carnaval faz parte da cultura, os cristãos compreenderão essa festa
como uma oportunidade de expressar que é possível ser feliz sem cometer infidelidades
ao ensinamento de Cristo. O paradoxo consiste em festejar a beleza da
convivência, sem apelar para os recursos que mascaram a verdade e a bondade que
devem marcar a existência humana.
Fonte: CNBB
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