Parece repetitivo, mas todos os
Ciclos Litúrgicos são grande oportunidade de reflexão, de avivamento e retomada
da missão fundamentada no Batismo. Assim acontece com a Quaresma e a Páscoa,
momentos interligados dentro da proposta salvadora de Jesus Cristo. A Quaresma
prepara as pessoas para vivenciar a riqueza do Cristo ressuscitado, dando
sentido para as realidades pascais.
O Tempo da Quaresma no Brasil, desde
1964, vem sendo enriquecida com os temos propostos pela Campanha da
Fraternidade. A ideia central é o processo de conversão, de mudança nos hábitos
que dificultam a fraternidade entre as pessoas. Nesse ano devemos trabalhar a
questão da violência, enraizada na cultura brasileira e que afeta a vida
cotidiana de todos os indivíduos do país.
Sem uma profunda e real transformação
existencial na vida cristã, fica quase impossível praticar uma realidade nova,
pascal e de intimidade com Jesus Cristo ressuscitado. A palavra “ressurreição”
tem significado de transformação, saída de postura dita corruptiva para a
incorruptibilidade, “a morte tragada pela vitória”, como está na Sagrada
Escritura, no dizer do apóstolo Paulo (I Cr 15,54).
Estamos em novos tempos. A maneira de
celebrar esses dois momentos litúrgicos está muito diferente, de forma muito
secularizado e sem a riqueza de sua espiritualidade. Não há mais aquela
preocupação com os valores da paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Falta uma
catequese mais comprometida com a vida cristã, com o processo de mudança de
vida e de testemunho cristão.
Em sintonia com o tema da Campanha da
Fraternidade 2018, pensamos na superação da violência, porque supõe um processo
quaresmal de mudança de vida, de conversão pessoal, de oração, esmola e jejum.
Transformar a cultura violenta numa cultura de paz supõe muito investimento
pessoal, testemunho cristão e atenção a um processo educativo abrangente e
comprometedor.
A paz é fruto das boas ações vindas
do coração humano. Ela exige respeito e reconhecimento do valor de cada
indivíduo. É o sentido da Páscoa, porque Jesus é o Príncipe da Paz. Quem se
encontra com Ele passa a ser agente de paz e construtor de uma sociedade
diferente, saudável e de bons relacionamentos. A paz ocasiona liberdade,
sentido positivo para a vida, e esperança.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Arcebispo de Uberaba (MG)
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