Com este lema, que intitula esta
reflexão, a CNBB lançava a Campanha da Fraternidade 1988, com o tema: A
Fraternidade e o Negro, no centenário da abolição da escravatura. Colocava-se,
muito claramente, no objetivo geral, assumir com redobrado empenho a nobre luta
pela justiça e contra qualquer tipo de preconceito, racismo e ou discriminação.
A respeito, o Papa São João Paulo II se expressava na mensagem por ocasião da
abertura:
A Campanha visa a animação pastoral
da Quaresma, centrada no tema: a Igreja do Negro. Trata-se de larga faixa da
população brasileira. Comemoramos, neste ano, a chamado Lei Áurea, e há uma
problemática que merece solicitude pastoral, inspirado por critérios
evangélicos, aderente e fiel à doutrina da Igreja acerca da dignidade da pessoa
humana e da promoção dos seus direitos e tendo em vista o bem comum.
Neste campo, a Igreja repetiu a sua
doutrina de sempre no Concílio Vaticano II nomeando, entre uma série de coisas
infames , a escravidão, contrária ao Evangelho, que anuncia e proclama a
liberdade para todos os homens, sem exceção, e explicar que a escravidão tem a
sua razão última no pecado, e que têm a mesma origem os fermentos de ódio e de
divisão, que alimentam os preconceitos raciais e sua proliferação em situações
conflituosas e em discriminações e marginalizações (cf. GS, nn. 27,29).
Trinta anos se passaram e, na atual
Campanha da Fraternidade, no texto base no nº 74, se afirma: A violência racial
no Brasil é uma situação que faz supor uma forte correlação entre as três
formas de violência: direta, estrutural e cultural. Os casos de violência
direta parecem ser o resultado mais concreto e evidente de questões
socioeconômicas históricas, além de deixarem entrever representações
culturalmente produzidas e já naturalizadas a respeito da população negra, do
índio, dos migrantes e, mais recentemente, também do imigrante.
O que podemos salientar é que
embora tenhamos avançado em políticas públicas afirmativas dos direitos dos
irmãos(ãs) negros(as), e ampliado os espaços de participação e articulação
eclesial e pastoral, a exclusão e a desigualdade são ainda uma dívida e uma
brecha profunda que deixa essa população a mercê da intolerância e da
injustiça. Que o Deus da misericórdia e da inclusão fraterna nos estimule a
construir e edificar uma sociedade sem violência e sem discriminações odiosas.
Vós sois todos irmãos!
Dom
Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Fonte CNBB.
Bispo de Campos (RJ)
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