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A Liturgia celebra o Ano A, com sua
rica distribuição da Palavra de Deus, particularmente nos domingos da quaresma.
Ela tem nítida orientação para a Iniciação da Vida Cristã e recepção dos
sacramentos da iniciação, dentro do espírito da catequese catecumenal dos
primeiros séculos do cristianismo. Já nos damos conta que no 1º domingo da
quaresma as leituras apresentaram paralelo entre Adão, símbolo da morte, e
Cristo, da vida. Os cristãos participam dessa nova vida em Cristo, sobretudo
pelo Batismo, desejado ansiosamente pelos catecúmenos (catequizandos) e
renovado pelos já batizados.
No 2º domingo Deus chama Abraão, pai da fé e do Povo de Deus,
do qual surgirá o salvador. No Evangelho acontece a transfiguração gloriosa,
prenúncio da ressurreição pascal. São Paulo revela que Deus nos salvou e nos
chamou gratuitamente para uma vocação santa, iniciada pelo batismo.
No 3º Domingo Jesus é identificado como a água viva: “Quem
beber da água que eu darei, nunca mais terá sede” (Jo 5, 14). A primeira
leitura fala da água que sacia a sede do povo no deserto. A segunda leitura
lembra o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
(Batismo).
No 4º Domingo da quaresma Jesus é apresentado como a luz do
mundo (Jo 9, 5). Ele cura a cegueira física e espiritual do cego de nascença, o
qual passa por um ritual progressivo, imagem do processo que transforma os
catecúmenos (iluminação). Na segunda leitura, São Paulo chama os cristãos de
luz do Senhor. A primeira leitura deste domingo remete ao tema catecumenal da
unção. Deus olha o coração dos ungidos e não as aparências.
5º Domingo da Quaresma: Jesus é revelado como a ressurreição
e a vida (Jo 11, 1-45). Ele devolve a Lázaro a vida física, como símbolo da
vida eterna. O sinal da ressurreição de Lázaro deve conduzir à fé. Neste
evangelho evidencia-se a dupla linha temática do lecionário quaresmal:
preparação para a celebração dos mistérios pascais dos cristãos já batizados, e
a catequese catecumenal da iniciação à vida cristã, vista como participação na
vida do Ressuscitado, pela fé: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em
mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não
morrerá jamais. Crês nisto?” (Jo 11, 25-26).
A primeira leitura (Ez 37, 12-14) lembra a volta do exílio,
quando o profeta fala em nome de Deus: “Farei entrar em vós meu espírito e
revivereis” (Ez 37, 14). Este tema volta na segunda leitura (Rm 8, 8-11), em
que São Paulo afirma: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os
mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará
também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11).
A iniciação à vida cristã se realiza na participação do mistério da Páscoa do
Senhor, por meio de seu Espírito.
E assim a Liturgia do Ano A caminha para a Semana Santa,
quando os cristãos realizam a renovação dos fundamentos de sua fé e os
catecúmenos são neles inseridos pelo Batismo e demais sacramentos.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa cruz do Sul (RS)
Fonte: CNBB
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