CNBB/Willian Bonfim |
Na manhã desta quarta-feira, 14 de
fevereiro, na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), foi aberta oficialmente a Campanha da Fraternidade (CF) 2018. Este ano,
a Campanha trata da “Fraternidade e a superação da violência”. O presidente da
entidade, cardeal Sergio da Rocha, e o secretário-geral, dom Leonardo Steiner,
receberam autoridades para o evento: a presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministra Cármen Lúcia, o coordenador da Frente Parlamentar pela
Prevenção da Violência e Redução de Homicídios, deputado Alessandro Molon, e o
presidente da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Carlos Alves Moura.
ESPOSIÇÕES.
“Há alguns dados dos estudiosos que
nos estarrecem”, disse Carlos Moura. Negros e jovens são as maiores vítimas da
violência no Brasil, informou. A população negra corresponde à maioria dos 10%
dos indivíduos expostos ao homicídio no País. “É oportuno refletir sobre o
Manual da Campanha da Fraternidade”, chamou a atenção: “A violência racial no
Brasil é uma situação que faz supor uma forte correlação entre três formas de
violência, direta, estrutural e cultural. Os casos de violência direta parecem
ser resultado mais concreto e evidente de questões socioeconômicas históricas,
além de deixarem entrever representações culturalmente produzidas e já
naturalizadas a respeito da população negra, do índio, dos migrantes e, mais
recentemente, também do imigrante”.
Moura lembrou que outra Campanha da
Fraternidade tratou da superação da violência contra a comunidade negra, a
Campanha de 1988, que tinha como lema: “Ouvi o clamor desse povo”. Nela,
segundo Carlos Moura, a Igreja renovou o comprometimento da Igreja com o
combate à violência.
CNBB/Willian Bonfim |
A ministra Cármen Lúcia, agradeceu à
CNBB “pelo convite ao Poder Judiciário para participar desse momento”. A
presidente do STF disse que hoje, infelizmente, o outro tem sido visto com
desconfiança e não como um irmão, um parceiro. “Esta campanha ajuda a ver o
outro como aliado, como irmão”, reforçou. “Não basta que se faça parte da
sociedade humana, mas é preciso atuar por ela para que se crie espaços de
fraternidade”, acrescentou a ministra.
Deputado Alessandro Molon disse: “Nós
nos acostumamos com a nossa tragédia. É como se no Brasil, a vida humana
valesse muito pouco”. Ele realçou que a Campanha da Fraternidade não é de
combate à violência, mas a superação dela. Chamou atenção para esse ano de
discursos políticos é preciso lembrar o que diz o texto-base da Campanha que
lembra que se trata de um problema complexo que não aceita soluções simplistas.
“Esse carnaval nos deixou algumas lições. Quando as autoridades se omitem, por
exemplo, a violência cresce”. O deputado ainda lembrou que todos têm
responsabilidade, mas o Parlamento deve melhorar o Direito para proteger mais a
vida que o patrimônio.
Cardeal Sergio da Rocha disse que a
importância da Campanha da Fraternidade tem crescido a cada ano, repercutindo
não somente dentro do âmbito da Igreja Católica, mas em toda a sociedade civil,
além de outras igrejas cristãs. “Construir a Fraternidade para superar a
violência” é o objetivo da Campanha da Fraternidade, lembrou. “A vida, a
dignidade das pessoas, de grupos sociais mais vulneráveis têm sido atingidos
frequentemente”. A realidade da violência, no entanto, “não deve levar a
soluções equivocadas”, disse. Por conta disso, a Campanha da Fraternidade,
disse o cardeal, quer ajudar a todos para fazer uma análise profunda diante da
complexidade da realidade da violência.
“Embora que seja importante a ação de
cada um de nós, mas é preciso de ações comunitárias”, disse o presidente da
CNBB. A Igreja não pretende oferecer soluções técnicas para os problemas que
aborda, mas o valor da fé e do amor que mostra que o semelhante não é um
adversário, mas um irmão a ser amado, disse o Cardeal.
Cobertura
Todas
as emissoras de TV de inspiração católica no Brasil, cinco grandes redes e duas
TVs regionais, estiveram comprometidas com a transmissão do lançamento da
Campanha da Fraternidade graças ao trabalho coordenado pela Signis Brasil,
entidade católica que se ocupa com os meios de comunicação da Igreja. A Rede
Católica de Rádio (RCR) também se fez presente oferecendo sinal de áudio para
todas as emissoras interessadas no evento. A Assessoria de Imprensa da CNBB
também ofereceu transmissão pelo Facebook e o vídeo já está disponível para ser
visto na página @CNBBNacional.
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