
Em um vídeo, que
gravou especialmente como uma mensagem para o Dia da Pátria, celebrado no
Brasil no 7 de Setembro, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de
Azevedo, reforçou a importância da democracia e da participação cidadã como
caminhos que permitem que as diferenças se articulem e se tornem riqueza na
construção do presente e também do futuro do Brasil como resposta aos desafios
colocados pelo contexto do novo Coronavírus.
Veja abaixo a
íntegra da mensagem do Presidente pelo Dia da Pátria:
Solidariedade
às vítimas pela Covid-19
“Celebramos um
Dia da Pátria marcado por luto e por muitos adoecimentos”, afirmou o presidente
da CNBB em referência aos brasileiros e famílias atingidas pela Covid-19.
Contudo, dom Walmor reforça a necessidade de não se perder a esperança. Para
ele a solidariedade é um princípio que deve integrar a todos os brasileiros num
sentimento de dor quando muitos estão vivendo o luto da perda de familiares e
amigos para a Covid-19 e na construção de um novo tempo para o Brasil.
“Esse
momento desafiador que enfrentamos não vencerá a sociedade brasileira que é
forte, que sabe lutar e já superou tantas outras adversidades. No fim, a vida
sempre vence é o que nos mostra o mestre Jesus que superou a humilhação e a
tortura, encontrou a morte mas Ressuscitou. Juntos construiremos um novo tempo
a partir da força da solidariedade. Recordemos do Papa Francisco para nos
fortalecer: “Não deixemos que nos roubem a esperança”, disse.
Dom Walmor
recordou que o Dia da Pátria é celebrado no contexto do Tempo da Criação,
marcado na Igreja no mundo, com o início no dia 1º de setembro até o dia
próximo 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis. “É Tempo de Cuidar. Por
isso, um convite para cuidarmos mais da nossa Casa Comum. Peço a você
‘Amazoniza-Te’. É dever de cada brasileiro proteger a Amazônia e lutar pelos
direitos dos povos tradicionais do território amazônico”, disse.
Participação
cidadã e Democracia
Em sua mensagem,
dom Walmor falou do clima hostil no Brasil criado pela propagação de agressões,
via redes sociais, que geram adoecimentos e um contexto que distancia a todos
da fraternidade. “Sem a respeito às diferenças, com a tarefa de torná-las
riqueza e força, compromete-se a Democracia. Respeito e diálogo inscrevem o
cidadão no coro dos lúcidos, os que superarão a estupidez do autoritarismo e a
indiferença para com os pobres da terra”, afirmou.
“Que
a cultura da participação responsável e cidadã permaneça ante manifestações
anti-democráticas e o princípio da solidariedade prevaleça em todos os debates
sofre o futuro do país”, afirmou em sua mensagem.
Para dom Walmor,
a Independência do Brasil conquistada no dia 7 de setembro deve ser construída
e fortalecida a cada dia. Um país se torna independente, segundo ele, quando o
seu povo unido escolhe seus próprios caminhos nos parâmetros da
Democracia. “A democracia e as suas instituições precisam ser preservadas
e fortalecidas”, disse o arcebispo ao cobrar respeito irrestrito à Constituição
Federal de 1988.
“O Dia da Pátria
não deve ser vivido como um simples feriado, mas um momento para celebrarmos a
convicção de que todos os brasileiros e brasileiras, cada um com a sua
diferença, depende um dos outros. Não se constrói um país melhor, mais
justo e mais fraterno a partir da hostilidade, de ações que buscam destruir o
próximo”, afirmou.
Pacto
pela Vida e pelo Brasil
Na mensagem, o
arcebispo de Belo Horizonte convida a pensar nos brasileiros que estão sem
trabalho ou sub-empregados. Para ele, a desigualdade social é uma chaga
vergonhosa da sociedade brasileira. “É preciso exigir dos governantes e dos
servidores do povo envolver a sociedade nas instâncias do poder que se dedicam
mais aos empobrecidos, com projetos capazes de gerar emprego e renda,
priorizando audaciosas políticas públicas para superar a desigualdade”,
apontou.
Para o presidente
da CNBB, o Dia da Pátria é um dia de clamor da escuta dos mais pobres para “nos
desassossegar e nos engajarmos numa construção nova, um novo Pacto pela Vida e
pelo Brasil. “O grito dos excluídos sinaliza direções importantes e pedem-nos
novas respostas”, apontou. Estas ideias estão reafirmadas no Pacto pela Vida e
pelo Brasil do qual a CNBB é signatária junto a um conjunto de organizações da
sociedade brasileira. O Pacto é a resposta que a CNBB, junto à Igreja do
Brasil, está dando como instituição para a superação das dificuldades impostas
pela pandemia.
Dom Walmor fala
também da importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e da necessidade de
valorizá-lo e ampliá-lo. Para ele, se não houvesse o SUS, as consequências da
pandemia seriam ainda mais devastadoras em nosso país. No caminho de
fortalecimento de uma perspectiva de saúde pública frente ao desafio do novo
coronavírus, ele desejou que o Dia da Pátria inspire mais integração e sinergia
entre as diferentes instâncias governamentais, nos âmbitos federal, estadual e
municipal para vencer a Covid-19.
Ele afirmou ainda
ser necessário que as autoridades encontrem um caminho para manter a renda
emergencial dedicada aos mais pobres até 2021 e para ajudar pequenos
empreendedores e investir na agricultura familiar. “A prioridade deve ser a
proteção dos mais vulneráveis”, disse.
“Há
uma convocação bonita e interpelante neste 7 de Setembro, Dia da Pátria. Cada
um de nós, brasileiros, precisamos enxergar as muitas riquezas que residem nas
nossas diferenças. É fundamental reconhecer, acima de tudo, que cada pessoa é
um semelhante, um irmão, uma irmã. Quando se reconhece a dignidade da
vida humana, que todos são filhos e filhas de Deus, torna-se mais forte a
fidelidade a princípios éticos que garantem a convivialidade”, finaliza.
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